O tempo em tour…

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Chegamos ao fim da turnê europeia 2012. 51 dias, 38 gigs, 11mil e 500 km percorridos e vivenciados de uma forma um pouco insana, intensa, rápida em alguns pontos e lenta em outros, pois apesar de ficarmos pouco na maioria dos lugares, também houveram momentos de espera, expectativa…e dentro de um ritmo frenético havia espaço para reflexão. Nesta turnê as reflexões foram diversas, sobre a cena, sobre as relações entre as pessoas e entre nos 4, sobre a solidariedade mas também pudemos experienciar momentos que nos sentimos sozinhos neste ou naquele sentido… Foi um tempo em que nos dedicamos ao que nos propusemos, tocamos, dialogamos, sentimos, trocamos, percorremos e suamos. Foi um tempo que pudemos ver que ainda existe muito apoio e interesse para que o faca-você-mesmo continue existindo, que a contra cultura se espalhe e que existam espaços e momentos pra que as pessoas se expressem, se envolvam, se divirtam e resistam.

Poderíamos dizer também que existem muitas divergências, controvérsias e contradições no meio. Ainda bem que não existe uma homogeneidade obviamente, e é perceptível também os diferentes momentos em que as pessoas se encontram em termos de idéias e maneiras de viver. Mas poderíamos dizer que existe um certo senso comum entre muitas de nós, uma busca para pararmos a máquina ou de vivermos alternativas. Da mesma forma parecem que muitos não se deram conta disso ainda e acreditam que os espaços não são de resistência, mas apenas para serem usufruídos, e que as ações não são fruto de varias lutas. Acredito que mesmo pensando-se assim, é importante que se usufrua e que se tenha a chance de perceber e participar da resistência e das lutas mais cedo ou mais tarde. Quem assim quiser.
A  última postagem aqui foi do cartaz de Magdeburg, onde tocamos no Libertäres Zentrum, espaço muito massa, bem organizado, com info shop, espaço para gigs, moradia, cozinha coletiva e pátio. Tínhamos vindo de Berlin, onde tocamos no lendário Köpi mais uma vez. Antes ainda tocamos na Polônia em Łódź num túnel embaixo de uma autro-estrada, e em Varsóvia numa gig organizada pela Nika (Post Regiment) que está com nova banda deixando a gente bastante curiosa pra ouvir.


De Magdeburg seguimos para a Austria na maior viagem da turne, onde fizemos mais de 700 km para chegarmos na squat EKH em Viena. Fomos super bem recebidas. Chegamos à noite e um dia antes da gig, ainda bem, pois a viagem foi longa e cansativa. No dia seguinte pudemos tirar o dia pra conhecer melhor a cidade. O EKH é uma squat muito ativa e bastante nas questões de gênero e na luta contra o sexismo.

Do EKH seguimos para Praga na República Checa, onde chegamos quase na hora de tocarmos. Comemos o típico Goulash, vegano obviamente, e delicioso. No festival grind/crust  tocaram bandas locais, da Noruega e da Franca. A casa tava cheia e a gig foi muito boa! Uma garota cantou “Sistema” com a gente e encontramos algumas pessoas de turnês anteriores.

No dia seguinte pegamos o caminho para Alemanha novamente, onde tocamos no What a Fuck Festival na cidade de Krumpa. Reencontramos muita gente da área que veio para o festival. Tomamos banho no lago na manhã do outro dia, dia morninho mais parecido com o verão…

Pela tarde fizemos os fáceis 53 km em direção a Leipzig para a última gig da turne. E assim que os minutos passavam, iam chegando varias amigas e amigos da cidade e varias outras localidades. Foi surpreendente ver juntar tanta gente no mesmo lugar. Desde o início da movimentação podia-se perceber que o clima era de festa e de descontração. Tocaram 2 bandas finlandesas Total Recall e Anticlimax que igualmente encerravam suas turnês. Os shows foram todos “agitados”, com galera curtindo bastante numa noite de casa cheia.  Terminamos a noite bastante motivados pela empolgação das pessoas que ali estavam. Depois das gigs começou uma festa muito divertida, disco party, cocktail bar, todo mundo dançando, cantando junto, embalados pela mesma vontade de celebrar e se deixar levar como se não houvesse o amanhã…

Foi demais.

Valeu muito.

Valeu a todas e todos, em todos os sentidos….
Sensação de algo cumprido….e muito aprendizado. porém…. muito por vir e aprender.

 

Finlandia//Paises Bálticos

A turnê segue. Os dias são sempre diferentes…existe um cansaço permanente que ta sempre a todo instante sendo superado, tendo que ser superado. Uma turnê tem muito de bom, mas muito de superação e as vezes parece insano.

Nossa passagem pela Finlândia foi intensa, dias longos sem descanso. Revimos muitas amigos, fomos extremamente bem recebidas nas 3 cidades, e as gigs foram todas gratificantes, com muitas pessoas e com elas o retorno do que a gente deu a elas…esta sensação que se tem de que a dedicação e entrega vai de um jeito e volta de outra forma a preencher…

Depois das 11 horas de barco chegamos em Turku e ficamos na casa do Paavo, o cara que tava organizando. Ele fez o almoço comemos super bem, e depois fomos para a casa do Antti quem conhecemos desde 2001 da nossa primeira vez na Finlândia. Tocamos para 100 pessoas praticamente lotando o local. Depois da gig, muita conversa, horizonte rosa as duas da madruga e fomos dormir bem tarde…o dia seguinte amanheceu cinza e uma chuva caia para desespero dos finlandeses que já não aguentam mais o frio… tínhamos um certo tempo, pois a viagem para Tampere era apenas de 160km. Ficamos ouvindo som, conversando com Antti e rolou a finalização da garrafa de vinho que trouxemos da ferry…nos despedimos. Seguimos para Tampere.

Em Tampere, uma das cidades mais legais da Finlândia, chegamos no Vastavirta pela tarde, Jukka já tava la nos esperando. O jukka também conhecemos desde a primeira vez na Finlândia e foi com o selo dele, o kämäset Levyt, que tivemos a nossa primeira oportunidade de gravar um LP, o Suportar a Dor.

A gig foi muito boa, 4 bandas tocaram contando a gente, e incluindo a banda do Jukka, Lapinpolthajat. Mais uma noite de pouco sono. Almoçamos com o Jukka e Tina uma lasanha maravilhosa feita por ele, tomamos café e fomos juntos para Helsinki. Em Helsinki a gig foi demais, com 200 pessoas, o pessoal agitou muito e a sequencia de 3 shows por la se finalizou nos dando a certeza de que e um dos melhores lugares pra irmos e para tocarmos. Os finlandeses foram muito comunicativos, coisa estranha no ter percebido esta característica antes…sempre nos pareceram tímidos…mas a toda hora alguém vinha conversar coma gente, cheias de interesse e simplicidade.

Saímos da Finlândia pela manha e pegamos outra barca para Tallin na Estônia. Depois de 4 horas no mar báltico com ondas grandes e fazendo a gente ficar meio enjoada pisamos em terra firme. Pegamos estrada rumo a Tartu, onde tocamos num bar de um amigo nosso que conhecemos pela primeira vez em 2004 numa situação bastante difícil, quando sofremos um acidente de carro na estrada de chão vindo da Russia para Estônia. Foi um momento tenso, angustiante no qual o Rolland nos ajudou muito nos acolhendo por vários dias para nos recuperarmos de algumas lesões e organizarmos um outro carro pra seguirmos viagem.

De Tartu viajamos para Riga, capital da Letônia, onde tocamos numa antiga fabrica para poucas pessoas, mas se bem que nem tanto para uma segunda feira..levamos o café da manha pra tomarmos no caminho….acabamos entrando numa floresta muito massa e cheia de mosquitos.

Dia seguinte Lituania. Chegamos em Vilnius pelo fim de tarde. O local hoje é alugado pelo pessoal, mas já foi ocupado por 3 anos e pegou fogo…A gig tá dentre as melhores desta turnê, e foi muito divertida, rolando pogo e bastante interação com a galera. Um cara cantava alguns dos sons e achamos que era brasileiro pelo sotaque…mas não, ele veio falar coma gente e disse que tinha interesse em aprender o português…e que um dia quando tava gripado conseguiu finalmente pronunciar a palavra Não. Hehehe…essa foi boa. Facinho então ficou pra ele cantar com a gente o som Não. Massa. Tomamos uma bebida de ameixa da Bielorussia. Lituania tudo de bom e com 8 anos de atraso, pois tivemos que cancelar em 2004 no momento do acidente….antes tarde do que nunca!